segunda-feira, junho 25, 2012

Fernando Soares é fixe


A 29 de Junho, dia S. Pedro, Fernando Pedro Trigo Rodrigues Soares comemorava mais um aniversário, se ainda estivesse entre nós. Como não está, aqui vai a homenagem justa a quem a Nazaré muito deve e que não é mais do que a reposição de uma peça editada no Região de Cister a 27 de Abril de 2007.
O 25 de Abril de 2008 marcará definitivamente a vida nazarena com a justa homenagem a Fernando Rodrigues Soares, aquele que terá sido o maior vulto da história local. A Nazaré passou a dispor de uma obra estatuária que engrandece o homenageado e que terá constituído a verdadeira obra do regime do actual executivo camarário. O busto do estadista alfacinha, que escolheu esta vila piscatória para viver, foi sabiamente plantado no jardim fronteiriço à menina dos seus olhos: O Colégio.
No calor da homenagem ficou por referir as qualidades de Fernando Soares, na actividade que lhe roubou o nome. A partir de certa altura Soares passou a responder por mais um apelido: veterinário. O veterinário Fernando Soares.
Foi nessa qualidade que Soares calcorreou todos os caminhos, todos os aceiros, todos os casais. Por muito agrestes que estas artérias ainda hoje continuem a ser, eram meros obstáculos que ele torneava com o sabor de sentir que a sua presença poderia significar a vida de um qualquer animal e do seu proprietário. Conhecia todos os munícipes rurais pelos nomes e até mesmo pelos anseios e pelas agruras que muitas vezes lhes era ocultada. Tratava-lhes dos animais e das próprias almas. Salvava-lhes o “ganha-pão” e alimentava-lhes a vida. Sem contrarreembolso. Apenas meros sorrisos. O veterinário que se enlameava e que salpicava as vestes cumpria sem atropelos, nem dividendos, a sua acção profissional. Em troca, recebia o sorriso envergonhado do proprietário aliviado e o esgar do jumento sarado.
O nosso homenageado teve, entre outros méritos, o mérito de viver aliado à vida dos outros e orientar a sua vida a partir da felicidade alheia.
O aniversário da comemoração da Revolução dos Cravos serviu, portanto, para ligar a Nazaré à história. A partir de agora, ao passar pelo local, revemos todos os dias páginas da história que marcaram o século XX. Da parte que me diz respeito, tratava-se de páginas gravadas na minha memória, que fazia questão em não esquecer, mas que a partir daquela data posso partilhar com todos. Não deixa de ser uma atitude filantrópica que agradece àquele cidadão o simples facto de ter vivido.
Para os detratores que gostam de apimentar bibliografias na hora de homenagear é bom lembrar que não há bela sem senão, se não não era bela. As grandes figuras são portadoras de um halo que lhes confere impunidade a todo o momento, recordo. Fernando Soares foi mais um guia espiritual que se libertou da lei da morte, imortalizando-se pelo que fez e pelo que evitou que se fizesse.

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