O período
que vamos atravessar, a que os ingleses deram pomposamente o nome de ‘silly
season’, é na verdade um momento de grande marasmo político, dado que toda a
gente está centrada na atividade que condiciona a vida económica local.
Ninguém parece estar interessado em falar de
política no período que medeia entre a senhora da Vitória e a senhora da
Nazaré. O tempo é literalmente ocupado na vertente económica.
No
entretanto, vão-se passando atrocidades que deixam a descoberto fragilidades que
me recuso a referir para não prejudicar a estação boba que todos nós vivemos.
Há que desfrutar do momento, na certeza de que, o balanço será, certamente,
feito.
Para a
população em geral, agosto é o pior de todos os meses do ano, apesar de a
Nazaré viver um dos picos da sua economia. Em agosto vêm à tona as
insuficiências locais, fruto de um desenvolvimento mal calculado e que arrasta
consigo as más gestões das últimas décadas.
A Nazaré
deixou de poder ombrear com os destinos mais próximos e vê-se agora
ultrapassado por São Martinho do Porto, só para referir a realidade mais
próxima. A Nazaré tem fragilidades que não conhecem pai nem mãe. Ninguém é
responsável pelo afastamento sucessivo do turismo que aliava massa humana com
qualidade. Não se discute a quem se deve assacar a responsabilidade. A razão
deste desprendimento é simples: Agora estamos na ‘silly season’ e amanhã já
passou o ‘timing’. E tempo vai passando e os erros vão-se avolumando.
A verdade é
que a Nazaré pode vir a ser preterida por outros destinos, já que ninguém aqui
investe, nem por razões de ordem económica ou cultural nem por razões de ordem
climatérica.
Na Nazaré
proliferam ‘tabernas de luxo’ que se limitam à venda de carapaus e sardinhas:
uma dose para quatro.
Pode
argumentar-se que a conjuntura nacional não ajuda e que o dinheiro está “caro”.
A realidade é válida para toda a gente e se os portugueses procuram o Algarve,
então porque viraram costas à mais bela praia portuguesa? A resposta não se
afigura fácil, mas uma boa sacudidela reporta as culpas para outras calendas,
como se uma peneira tapasse o sol que todos nós recebemos.
A vinda de
conterrâneos, que atropelam a nossa língua, esquecendo-se que ela é a nossa
pátria, é algo que deve ser valorizado, dado que o perfil do nosso turista não
foge muito dessa realidade. Devemos avançar para um turismo que faça coabitar
ambas as realidades e faça coincidir turismo de massas com turismo de
qualidade, porque a nossa hospitalidade sempre soube conviver simultaneamente
com ambas, sem menosprezar nenhuma.
Terminada a
estação ‘parva’ (silly) devemo-nos debruçar sobre a forma mais inteligente de
dar a volta à vida económica local corrigindo os erros detectados. A culpa não
pode morrer solteira, nem órfã de pai e mãe.
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