sexta-feira, agosto 03, 2012

A Nazaré vale uma simples moeda

Numa comissão nacional do Partido Socialista foi aprovada a realização de eleições primárias, abertas a simpatizantes, para escolha dos candidatos a deputados e câmaras municipais, à semelhança do que sucedeu no PS Francês em que mais de três milhões de franceses votaram nas primárias para escolha do candidato à presidência pelo PSF.
Tratou-se das primeiras eleições primárias daquele partido abertas ao público em geral. Para participar, os eleitores tinham de satisfazer as seguintes condições: estar recenseados nas listas eleitorais francesas antes de 31 de Dezembro de 2010, pagar uma contribuição de, no mínimo, um euro, e assinar uma carta comprometendo-se com os valores da Esquerda (liberdade, igualdade, fraternidade, secularismo, justiça, solidariedade e progresso). "Votem, votem, pagar um euro não é caro para se desfazer de Sarkozy” gritava François Hollande num comício.
Embora pouco difundidas fora dos Estados Unidos, as eleições primárias representam um tremendo avanço na democratização dos partidos políticos. Com as primárias, a tradição de decisões de cúpula fechadas aos filiados é substituída por consultas abertas, em que os candidatos têm de se posicionar frente à sociedade como um todo, e não apenas à sua legião feudal de militantes.
Na verdade, podemos exportar os bons exemplos e as próximas eleições autárquicas podem ser o balão de oxigénio que a Nazaré precisa para pôr em marcha uma solução em tudo semelhante.
As candidaturas autárquicas estão a transformar-se numa luta de personalidades. O trabalho autárquico exige propostas políticas que sirvam os cidadãos. Propostas para as quais os cidadãos sejam chamados a pronunciar-se. Políticas das pessoas e para as pessoas. Primeiro, os projetos. Depois, os candidatos!
Na cidade do Porto o eurodeputado independente Rui Tavares sugere a realização de eleições primárias da esquerda abertas à participação de militantes partidários dos partidos de esquerda (PS, CDU e BE) e cidadãos independentes para a escolha de um candidato à câmara municipal, capaz de derrotar o poder instituído há décadas. O socialista Francisco Assis subscreve a proposta de Rui Tavares.
Na moção ganhadora de José Luís Carneiro, que venceu as distritais para a federação distrital do Porto já se previa a criação de um “espaço político para que, caso essa seja a vontade das estruturas locais, possa ocorrer um diálogo construtivo com (as) outras forças (políticas à nossa) de esquerda, bem como a criação de “condições de diálogo com os partidos à esquerda do PS”.
No caso nazareno esta pode muito bem ser a solução para o regresso de uma verdadeira esquerda à frente de um executivo caduco e a cheirar a mofo fruto das sucessivas vigências laranjas. A Nazaré convive com uma tendência democrática por convicção esquerdista que se apaga sempre que se aproximam as eleições municipais.
Para superar esse cenário é importante que as forças de esquerda (PS, CDU e BE) se unam na tentativa de escolher o candidato mais apetrechado para enfrentar o domínio da monarquia laranja. Do resultado dessa eleição primária renascerá, portanto, o candidato da esquerda.
Está bom de ver que os partidos começam desde já a torcer o nariz a uma proposta desta natureza. Por norma, os partidos preferem pensar primeiro em si e só depois nas populações, nos projetos.
Estamos perante uma proposta que deverá ser discutida por todos os agentes da política local que não se revejam no exercício de duas décadas de governação laranja, nem que para isso tenhamos também que pagar um euro.
Apesar da crise, a Nazaré vale uma simples moeda. 
Texto editado no Região de Cister de 2 de agosto de 2012

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