Numa comissão nacional do Partido Socialista foi aprovada a
realização de eleições primárias, abertas a simpatizantes, para escolha dos
candidatos a deputados e câmaras municipais, à semelhança do que sucedeu no PS
Francês em que mais de três milhões de franceses votaram nas primárias para
escolha do candidato à presidência pelo PSF.
Tratou-se das
primeiras eleições primárias daquele partido abertas ao público em geral. Para
participar, os eleitores tinham de satisfazer as seguintes condições: estar
recenseados nas listas eleitorais francesas antes de 31 de Dezembro de 2010,
pagar uma contribuição de, no mínimo, um euro, e assinar uma carta
comprometendo-se com os valores da Esquerda (liberdade, igualdade, fraternidade,
secularismo, justiça, solidariedade e progresso). "Votem, votem, pagar um euro não é
caro para se desfazer de Sarkozy” gritava François Hollande num comício.
Embora pouco difundidas fora dos Estados Unidos, as eleições
primárias representam um tremendo avanço na democratização dos partidos
políticos. Com as primárias, a tradição de decisões de cúpula fechadas aos
filiados é substituída por consultas abertas, em que os candidatos têm de se
posicionar frente à sociedade como um todo, e não apenas à sua legião feudal de
militantes.
Na
verdade, podemos exportar os bons exemplos e as próximas eleições autárquicas
podem ser o balão de oxigénio que a Nazaré precisa para pôr em marcha uma
solução em tudo semelhante.
As
candidaturas autárquicas estão a transformar-se numa luta de personalidades. O
trabalho autárquico exige propostas políticas que sirvam os cidadãos. Propostas
para as quais os cidadãos sejam chamados a pronunciar-se. Políticas das pessoas
e para as pessoas. Primeiro, os projetos. Depois, os candidatos!
Na
cidade do Porto o eurodeputado independente Rui Tavares sugere a realização de
eleições primárias da esquerda abertas à participação de militantes partidários
dos partidos de esquerda (PS, CDU e BE) e cidadãos independentes para a escolha
de um candidato à câmara municipal, capaz de derrotar o poder instituído há
décadas. O socialista Francisco Assis subscreve a proposta de Rui Tavares.
Na
moção ganhadora de José Luís Carneiro, que venceu as distritais para a
federação distrital do Porto já se previa a criação de um “espaço político para que, caso essa
seja a vontade das estruturas locais, possa ocorrer um diálogo construtivo com
(as) outras forças (políticas à nossa) de esquerda, bem como a criação de
“condições de diálogo com os partidos à esquerda do PS”.
No
caso nazareno esta pode muito bem ser a solução para o regresso de uma
verdadeira esquerda à frente de um executivo caduco e a cheirar a mofo fruto
das sucessivas vigências laranjas. A Nazaré convive com uma tendência
democrática por convicção esquerdista que se apaga sempre que se aproximam as
eleições municipais.
Para
superar esse cenário é importante que as forças de esquerda (PS, CDU e BE) se unam
na tentativa de escolher o candidato mais apetrechado para enfrentar o domínio
da monarquia laranja. Do resultado dessa eleição primária renascerá, portanto,
o candidato da esquerda.
Está
bom de ver que os partidos começam desde já a torcer o nariz a uma proposta
desta natureza. Por norma, os partidos preferem pensar primeiro em si e só
depois nas populações, nos projetos.
Estamos
perante uma proposta que deverá ser discutida por todos os agentes da política
local que não se revejam no exercício de duas décadas de governação laranja,
nem que para isso tenhamos também que pagar um euro.
Apesar
da crise, a Nazaré vale uma simples moeda.
Texto editado no Região de Cister de 2 de agosto de 2012
Texto editado no Região de Cister de 2 de agosto de 2012
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